As rejeições são um fenómeno mundial resultante das pescarias e que tem sido objeto de grande preocupação. Estima-se que se tenham atingido os 27 milhões de toneladas de rejeições, em Portugal, em 2014.
Resultam da diferente seletividade das artes de pesca que capturam sempre outras espécies (acessórias) para além das que são alvo.
Entre as espécies que não são alvo da pesca encontramos as que não têm valor comercial e são simplesmente rejeitadas, as espécies de baixo valor comercial que poderão ser rejeitadas se estiverem a ocupar espaço na embarcação, as espécies de valor comercial que por serem alvo de medidas restritivas em termos de desembarque terão de ser rejeitadas, as que se encontram deterioradas e as que apresentam valor conservacionista e não podem ser capturadas.
Em termos de avaliação e gestão de recursos, as espécies de elevado valor comercial são, no geral, acompanhadas cientificamente, mas as de menor valor ou sem valor comercial raramente o são, apesar de serem também vitais para o equilíbrio dos ecossistemas servindo, por exemplo, de alimento a outras espécies exploradas comercialmente.
Em termos económicos, a rejeição de muitas destas espécies traduz-se na perda de valor que poderia interessar quer à administração (promovendo a exploração racional de outros recursos potencialmente menos explorados) quer aos pescadores (que veriam aumentar e rentabilizar o rendimento da pesca).
É, portanto, necessário desenvolver estratégias de modo a orientar a valorização de novas espécies para a obtenção de produtos de maior valor acrescentado.
O projeto VALOREJET tem como objetivos valorizar as espécies rejeitadas ou de fraco valor comercial desenvolvendo novos produtos com valor acrescentado, usando técnicas e processos novos ou melhorados; avaliar o potencial dessas espécies cujo desconhecimento é total em termos biológicos e fomentar as ligações entre a comunidade científica e os vários agentes do sector, nomeadamente associações de pescadores e industriais.
Entre as espécies de baixo valor comercial, serão estudadas o carapau-negrão Trachurus picturatus, a choupa Spondyliosoma cantharus, e os ruivos (nome genérico para um conjunto de seis a oito espécies desembarcadas nas lotas portuguesas). Entre as espécies sem valor comercial,será avaliado o potencial de exploração do serrão-alecrim Serranus cabrilla, do rascasso-escorpião Scorpaena notata e da mini-saia Capros aper.
Co-financiado por MAR 2020, Portugal 2020 e União Europeia – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
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