Por Elisabete Silva, bolseira FCUL do projeto VALOREJET
O desperdício sempre foi um assunto que me revoltou bastante e sinto-me privilegiada por poder participar num projeto que pretende promover a valorização de pescado.
Todos os dias são rejeitadas toneladas de pescado em alto mar já sem vida. Artes de pesca não seletivas como o arrasto contribuem para uma elevada mortalidade de indivíduos sem interesse comercial e é difícil observar tal “desbaste” contínuo.
Tenho aprendido bastante nos dias de mar, tanto na identificação de espécies de peixes, como no que à legislação diz respeito e ainda sobre dinâmica de pesca. Tenho tido a oportunidade de trabalhar com várias artes e em embarcações de várias dimensões, desde 9 a 40 metros. As tripulações divergem entre si mas todas elas se mostram curiosas, recetivas e acolhedoras. Todos os dias, nos pescadores, vejo coragem e conhecimento. No entanto, é necessário fazer chamadas de atenção em relação a uma série de aspetos de conservação nomeadamente às rejeições e tamanhos mínimos de pescado, lixo marinho e às capturas acidentais de outros animais (aves e cetáceos, por exemplo). O apoio e orientação científica é importante e pode contribuir para a mudança de atitudes e comportamentos.
Depois de embarques morosos compensa a caldeirada que “vai ao lume” e as conversas sobre aventuras de pescadores vividos.
Nem sempre o mar está calmo, nem sempre é fácil acordar cedo e deitar tarde. Contudo, a profissão de observador de pescas surpreende-me, desafia-me e encanta-me. Cada dia no mar foi e continua a ser uma aventura.
Espero que o trabalho a bordo contribua para uma nova realidade e que seja um estímulo para a aplicação de medidas. Os recursos não são ilimitados e é nosso dever gerir e conservar.
Co-financiado por MAR 2020, Portugal 2020 e União Europeia – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
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